A quadrilha dos
aparelhos partidários
Henrique Monteiro no Expresso
9:45 Domingo, 14 de abril de 2013
O aparelho do PSD não
gostou da nomeação de Miguel Poiares Maduro. Não lhe interessa as competências
do novo ministro, nem nada que tenha a ver com o conhecimento dos dossiês ou a
dedicação ao país. Apenas se preocupa com este ponto: o novo ministro não percebe
nada de PSD e vai ter o dinheiro do QREN que vem da Europa.
Esta gente, estas
autênticas quadrilhas têm um papel mais pernicioso na política atual que a
corte tinha nas monarquias absolutas. Um desafio importante é saber como
nos podemos livrar desta canga.
e os câmara boys
As câmaras municipais são
as maiores agências de emprego do País.
Paulo Morais, 20 de Abril no Correio da Manhã
A integração de "boys" partidários nos
quadros de pessoal das câmaras e empresas municipais é regra e, com a
aproximação da data das eleições autárquicas, adivinha-se um despautério de admissões
e nomeações em catadupa.
Esta situação é particularmente expressiva no que diz
respeito aos dirigentes que, nas juventudes partidárias, organizam as campanhas
eleitorais e arregimentam votos. Uma vez instalados nos seus
"tachos", continuam por norma a trabalhar ao serviço dos partidos,
mas remunerados à custa dos municípios. Ao longo dos últimos anos, este
fenómeno agravou-se de tal forma que algumas empresas municipais mais parecem
sedes partidárias dissimuladas.
Só o presidente de câmara e os caciques que dele
dependem conseguem atribuir empregos que, em regra, beneficiam afilhados e
familiares do presidente, os militantes do partido e os apaniguados das redes
clientelares. Claro que a sua seleção raramente resulta do seu currículo ou das
suas competências.
Estas práticas reiteradas, nomeadamente nos
pequenos concelhos do interior, consolidam, na maioria do território nacional,
a ideia de que o estudo, a formação e o esforço de nada adiantam. Fazem vingar
a tese de que a qualidade do desempenho é irrelevante para ocupar um qualquer
cargo. A qualidade não constitui critério de escolha de colaboradores, ou de
progressão nas carreiras. A estrutura de recursos humanos está invertida. O
profissionalismo foi dizimado pelo clientelismo.
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